quarta-feira, 31 de outubro de 2012

31 de outubro: 495 anos de Reforma Protestante

Há exatos 495 anos, o monge alemão Martinho Lutero fixou na porta da Igreja de Witemberg na Alemanha um convite para o debate de 95 teses que escrevera a respeito de algumas posições então adotadas pela Igreja Católica referentes principalmente ao pagamento de indulgências por parte dos fiéis. Lutero também aproveitou para discutir alguns abusos e excessos cometidos pelo clero. As teses de Lutero causaram uma grande reviravolta em sua cidade e em seu principado, desencadeando os eventos que posteriormente seriam conhecidos como Reforma Protestante, que criaria a possibilidade para o surgimento de novas denominações cristãs independentes do catolicismo, sendo a primeira delas a Igreja Luterana. Com a Reforma abriram-se as portas para o surgimento das igrejas evangélicas.
O êxito do movimento de Lutero (que aliás, não pretendia causar nenhuma cisão na igreja, mas discutir seu ponto de vista com base nas Escrituras), deveu-se em grande parte à sua proposta de que os ensinos sagrados estivessem a disposição do povo. Tanto é que a Imprensa de tipos móveis, que permitia a reprodução de materiais escritos e que fora inventada algumas décadas antes, foi uma fortíssima aliada de Lutero em seu intento de colocar a Bíblia na mão do povo.
Já ouvi muitas pessoas dizendo que precisamos de uma nova Reforma na igreja evangélica brasileira. No entanto, nossos tempos são outros: em países como o nosso, onde há liberdade religiosa, a Bíblia está a disposição do povo
 Diferente do que acontecia na época, a Bíblia não é mais um monopólio da hierarquia da Igreja. Há Bíblias de todos os tipos e gostos: bíblias de estudo, com comentários, sem comentários, com as palavras de Jesus em vermelho, com tabelas, com capa-dura, com capa de couro, bíblias on-line, em aplicativos para celulares e tablets, etc....
Definitivamente o acesso ao conteúdo bíblico não é um problema no Brasil (digo isto levando em consideração que muitas pessoas não têm acesso à Bíblia por conta de sua condição financeira, já que a Bíblia é hoje um produto comercializado. No entanto, isto faz parte de um outro dilema.) Penso que nossa dificuldade não é com relação ao acesso, mas sim à nossa postura diante da Bíblia: a forma como nos apropriamos do texto, a forma como o lemos e nos relacionamos com ele. Infelizmente, uma leitura superficial e permeada por superstições de todo o tipo têm produzido uma série interpretações bíblicas que contribuem para o nosso afastamento do verdadeiro Evangelho.
Assim, penso que neste 495º aniversário da Reforma devamos lembrar que nos últimos cinco séculos esforços imensos foram feitos para que a Bíblia chegasse ao povo, como alardeava Lutero. Aproveitando-se disso devemos nos comprometer a um retorno à leitura pessoal, meditativa e coerente da Bíblia, uma leitura que nos leve a sermos críticos à forma injusta de pensar do mundo e que nos leve a buscar o caráter de Cristo em nós!

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Amós, a justiça social como parte da adoração (Série Profetas Menores na Escola Dominical)

O estudo do livro de Amós é um tema bastante propício para a Escola Dominical deste 28 de outubro, dia em que 50 cidades do Brasil estarão envolvidas com o 2º turno das eleições para prefeito. Digo que o tema é propício pois as eleições costumam trazer à tona questões relacionadas à justiça social, mesmo que em muitos casos apenas por força do discurso.
Amós nos permite conhecer um pouco a respeito do que a Bíblia diz sobre o assunto da justiça social e como as atitudes religiosas podem contribuir tanto para aplacá-la quanto para acentuá-la . O profeta, embora oriundo do Reino do Sul (Judá) é direcionado por Deus para profetizar no Reino do Norte (Israel),  que então passava por um período de estabilidade econômica, haja vista Israel não estar envolvido em guerras contra outras nações neste período. Assim, a ausência de guerras lançou foco para um grave problema da nação: a cruel diferença entre ricos e pobres, marcada pela opressão social. Eugene Peterson* resume o período desta forma: "Os ricos tornaram-se muito ricos, enquanto as pessoas comuns se tornaram escravos e trabalhadores explorados. Os ricos davam glórias a Deus, gastando sem limites nos santuários para agradecer a ele (e a seus outros deuses) por tê-los abençoado. Amós avisou-os de que Deus iria esfacelar o país por causa da injustiça social que promoviam"
Assim, o problema apontado por Amós não é apenas o da injustiça social, mas o da injustiça social justificada pela religião. Um dos maiores opositores do profeta Amós foi justamente um sacerdote, Amazias, que estava em acordo com o rei Jeroboão II. Em mensagem enviada ao rei no capítulo 7 Amazias fala sobre uma suposta rebelião liderada por Amós e sobre o que ele andava profetizando em Israel e conclui dizendo que "a nação não poderia suportar as suas palavras". Considero esta declaração sensacional! Foi o reconhecimento de que a mensagem de Amós, se chegasse aos ouvidos do povo, traria complicações para a realeza. Amazias então insinua que Amós era um profeta "profissional" e lhe aconselha que vá "trabalhar" em outro lugar. A resposta dele foi: "“Eu não sou profeta nem pertenço a nenhum grupo de profetas, apenas cuido do gado e faço colheita de figos silvestres. Mas o SENHOR me tirou do serviço junto ao rebanho e me disse: ‘Vá, profetize a Israel, o meu povo’". A atitude de Amós, identificando-se como um homem comum, não tirando vantagem do fato de ter sido escolhido por Deus para profetizar em um "missão internacional" (já que não era de Israel, mas sim de Judá), tem muito a nos ensinar. A nossa contribuição para a busca da justiça social passa pelo caminho da simplicidade cristã, como nos ensinou o próprio Cristo quando por aqui passou! O problema é que o sentimento de Amazias e Jeroboão, interessados em utilizar a religião para fortalecer a injustiça da nação, e é claro, garantir seu espaço às custas do sofrimento alheio, é cada vez mais forte! concorda comigo?

Abraço a todos e todas e uma boa aula na Escola Dominical! 


*Comentário de Eugene Petersen  na introdução ao livro de Amós na Bíblia "A Mensagem"(Ed. Vida) 


Leia também: 





segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Lançamento: Evangélicos e Periferia Urbana em São Paulo e Rio de Janeiro


Foi lançado em Setembro de 2012 o livro "Evangélicos e periferia urbana em São Paulo e Rio de Janeiro: estudos de sociologia e antropologia urbanas". O livro pode ser adquirido no site da Editora CRV (clicando aqui
Organizado pelo Prof. Dr. Paulo Barrera do programa de pós-graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo e com textos de Norbert Foerster, Wania Mesquita (UFNF), Marcos Ribeiro, Claudio Noronha, Haller Schünemann, Vlademir Ramos, Williani Carvalho, Edemir Antunes e com prefácio do Prof. Enzo Pace (Univ. de Padova), o livro é fruto dos trabalhos do Grupo de Pesquisas Religião e Periferia na America Latina Univ. Metodista / Fapesp)
O sexto capítulo é um texto de minha autoria onde falo sobre as igrejas pentecostais no bairro paulistano de Perus. 

Eis a sinopse do livro no site da Editora: 

A reflexão acadêmica sobre a presença de igrejas evangélicas pentecostais no meio urbano remonta a já clássica obra de Cândido Procópio Camargo nos anos 1970. O pentecostalismo funcionaria para ele como uma referência simbólico/social para populações que, fruto do êxodo rural, aportavam à cidade em situação de anomia e desenraizamento.
De lá para cá, com o adensamento populacional nas grandes metrópoles brasileiras, formaram-se imensas faixas de periferia ao redor destes centros urbanos, geralmente carentes dos serviços básicos de infraestrutura. Estudos demográficos como o Atlas de filiação religiosa e indicadores sociais no Brasil de César Romero Jacob e equipe revelam que nesses espaços urbanos periféricos concentra-se um alto percentual de adeptos do pentecostalismo.
É sobre este fenômeno que muito oportunamente o livro Evangélicos e periferia urbana em São Paulo e Rio de Janeiro. Ensaios de antropologia e sociologia urbanas vem se debruçar. Evitando soluções fáceis, como a associação “naturalizada” entre pentecostalismo e pobreza, escudado em pesquisas de campo, entrevistas nas áreas periféricas e favelas do Rio e de São Paulo, revela toda uma complexidade de articulações entre a condição de morador de periferia e a pertença/preferência pentecostal. A escolha pentecostal aparece nas páginas deste livro em sua diversidade de alternativas, ora como instrumento de organização e contestação, ora como conformismo e utilitarismo.
Por fim, um livro produzido na interface entre uma sociologia/antropologia da religião com uma sociologia/antropologia urbana, onde ambas iluminam-se mutuamente, tendo como resultado uma análise densa desta realidade candente do Brasil contemporâneo.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Revista Plura (da Associação Brasiliera de História das Religiões) lança novo número



A Associação Brasileira de História das Religiões acaba de lançar mais um número da Revista Plura, periódico on-line com publicações na área de ciências da religião, principalmente em história da religião. No número há uma seção temática sobre Teologia da Libertação com três artigos. Também há cinco artigos de temática livre.
Para quem se interessa pelo estudo acadêmico das diferentes religiões brasileiras, vale a pena conhecer este e outros números da Revista clicando aqui.


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Joel: o derramamento do Espírito Santo (Série Profetas Menores na Escola Dominical)


O livro do profeta Joel é bastante conhecido por suas referências ao derramamento do Espírito Santo, o que de fato aconteceu a partir do Dia de Pentecoste. O capítulo 2 de Joel, inclusive, foi o texto-chave utilizado por Pedro durante a primeira pregação pública da História da Igreja. Na ocasião, Pedro soube identificar de imediato o cumprimento das profecias de Joel no evento que estava observando e participando. 
No entanto, antes de chegar às felizes promessas do capítulo 2, Joel traz uma dura repreensão à seus leitores. Embora haja discordâncias quanto ao período exato do ministério de Joel, há certeza quanto ao fato dele ter profetizado ao reino do sul, o reino de Judá. Boa parte dos intérpretes no Antigo Testamento identificam seu ministério durante o reinado de Joás, que sucedeu o desastrado reinado de Atalia, parente do idólatra Acabe do reino do Norte (o mesmo que chamou Elias de perturbador de Israel). 
Durante o ministério de Joel, Judá enfrentava uma crise sem precedentes ocasionada por uma catástrofe: um enxame de gafanhotos  havia devastado os campos de toda a nação. Joel liga tal calamidade à ação de Deus, no sentido de chamar a atenção de seu povo. 
Perceba: diferente de outros profetas menores, Joel não está advertindo o povo quanto às consequências do pecado. No seu caso, as consequências já tinham se manifestado e arrasado toda a nação. Assim, sua mensagem não mostra o que fazer para evitar o pecado, mas o que fazer depois que ele já mostrou suas garras e deixou sua dolorida marca. Assim, enquanto o capítulo um aponta para tais marcas, o capítulo dois mostra como a nação conseguiria "acertar seus ponteiros": o arrependimento sincero é o primeiro passo (cap 2.12-17), a partir de então, com um coração arrependido a nação poderia esperar pela restauração de sua terra (cap. 2.18-27) e então depositar sua esperança no dia em que Deus derramaria de Seu Espírito sobre toda a carne (cap. 2-28ss) e também no "dia do Senhor", quando Deus julgará toda iniquidade de seus inimigos (cap. 3)
Empobrecem o belo texto de Joel aqueles que associam as pragas de gafanhotos do 1º capítulo à demônios responsáveis por atuar na vida financeira dos crentes. O texto é muito mais rico e está falando de fidelidade entre Deus e seu povo e sobre as consequências ao ato de abandonar a proteção do Senhor. Embora  as consequências para Judá tenham sido econômicas (já que campos destruídos arrasariam toda sustentação econômica de uma nação agrícola e pastoril, como era Judá), o foco está no que isto representava para a relação entre Deus e seu povo, e como isto se projetaria nas esperanças futuras da nação. 
Creio que a principal lição que Joel nos deixa é: "como nós, que já recebemos o Espírito Santo, tal qual anunciado no Pentecostes, lidamos com as situações em que o pecado nos leva para longe de Deus?"

Um abraço a todos e todas e uma boa aula na Escola Dominical!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Oseias: a fidelidade no relacionamento com Deus (Série Profetas Menores na Escola Dominical)*

Sem dúvida alguma a maior discussão presente no estudo do livro de Oseias é o seu casamento. De acordo com o texto bíblico, o profeta recebeu uma ordem divina para que se casasse com uma prostituta (Os 1.2). Diversas tentativas foram feitas por intérpretes bíblicos no sentido de provar que o casamento do profeta com Gômer tratou-se na realidade de uma alegoria, já que ficaria difícil entender o porquê de Deus ordenar algo deste tipo. Há inclusive uma teoria de que a mulher seria uma prostituta religiosa, ou seja, uma adoradora de falsos ídolos, que fora resgatada por Oseias e não uma prostituta no sentido literal da palavra. Tais teorias, no entanto, enfraquecem o impacto que a informação do casamento de Oseias causa no leitor.
De qualquer forma, a leitura dos primeiros capítulos de Oseias nos chocam: Deus manda um profeta casar-se com uma prostituta, ele se casa e tem três filhos com ela. A seguir, ela o abandona, volta a prostituir-se, cai em profunda pobreza, é obrigada a vender-se como escrava e Oseias, em um ato deliberado de amor a compra e a restabelece como sua esposa. Há que acredite  que o segundo e o terceiro filho de Gômer tenham sido gerados durante a traição, não sendo filhos legítimos do profeta. No entanto, se assim for, Oseias também os adota. Assim, uma coisa é certa: apesar de sentirmos estranheza do complicado casamento do profeta, podemos ter certeza que Oseias amava verdadeiramente e intensamente sua infiel esposa, assim como Deus jamais deixou de amor seu povo, a nação israelita.
O desastroso relacionamento de Oseias e Gômer é um retrato do amor de Deus para com Israel: a prostituição é comparada à adoração de Israel a outros deuses. O povo escolhido atribuía à Baal os atos misericordiosos de Deus, provocando profunda tristeza no coração do Criador. A experiência de Oseias o credencia para formular as belas metáforas com que descreve o sentimento de Deus para com seu povo, como esta, do capítulo 11: " Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei a meu filho. Mas, como os chamavam, assim se iam da sua face; sacrificavam a baalins, e queimavam incenso às imagens de escultura. Todavia, eu ensinei a andar a Efraim; tomando-os pelos seus braços, mas não entenderam que eu os curava. Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor, e fui para eles como os que tiram o jugo de sobre as suas queixadas, e lhes dei mantimento...".
Assim, o livro de Oseias aponta para um Deus preocupado com nossas atitudes quando o deixamos, um Deus que permanece fiel apesar de nossa infidelidade. Um Deus cujo desejo maior é ser conhecido pelos seus seguidores. Conhecimento no livro de Oseias é sinônimo para comunhão e intimidade, e a falta de tais predicados entre os israelitas os levou à destruição, por isto Oseias vocifera que o povo de Israel seria destruído por falta de conhecimento (Os 4.6), o que de fato aconteceu, já que logo após o término do longo ministério de Oséias, Israel, o reino do Norte foi levado para o cativeiro assírio.
A profecia de Oseias rompe com a falsa ideia de que o Deus apresentado no Velho Testamento é um Deus distante, enfurecido e sem amor. O Senhor apresentado por Oseias é o próprio amor e sente profundamente pelo caminho escolhido por seus filhos, caminho que levou Israel a destrutivas consequências.


"o SENHOR ama os filhos de Israel, embora eles olhem para outros deuses" (Os 3.1) 


Para conhecer mais sobre o livro de Oseias, recomendo o livro "Introdução ao Antigo Testamento" (Willhan LaSor, David Hubbard e Frederic Bush), publicado em português pela Editora Vida Nova.  

Abraço a todos e todas! 


*O livro de Oseias será estudado no dia 14 de outubro de 2012 nas Escolas Dominicais do país que utilizam a Revista da CPAD. 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

#Podcast 01: Na presença dos deuses (Sl 138)

Clique no player abaixo e acompanhe a nossa reflexão com base no Salmo 138. Aproveite e deixe também o seu comentário! 

Forte abraço! 


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

No bairro de Perus, Haddad recebeu 40% dos votos.

Os resultados das eleições para prefeito de São Paulo levaram para o 2º turno o tucano José Serra e o petista Fernando Haddad, desbancando o candidato do PRB Celso Russomanno, que liderou as pesquisas durante quase toda a campanha.
Foto: Alex Fajardo

No entanto, o resultado das eleições  em boa parte dos bairros de periferia da cidade, foi diferente (acompanhe o infográfico da Folha de São Paulo aqui) .  Abaixo apresento os resultados das eleições na 389ª Zona Eleitoral de São Paulo, que corresponde aos bairros de Perus (onde resido) e Anhanguera, popularmente conhecido como Morro Doce. Nesta Zona Eleitoral, José Serra ficou com a terceira colocação, com 15% dos votos, Haddad venceu, com 40% e Russomanno ficou na 2ª colocação, com 27% dos votos válidos.

Resultado das eleições na 389ª Zona Eleitoral


Candidato
Partido / Coligação
Votos
% dos votos válidos
FERNANDO HADDAD
PT - PP / PT / PSB / PC doB
45.247
40,42 %

CELSO RUSSOMANNO
PRB - PRB / PTB / PTN /PHS / PRP / PT do B
30.855
27,57 %

JOSÉ SERRA
PSDB - PR / DEM / PV /PSDB / PSD
17.549
15,68 %

GABRIEL CHALITA
PMDB - PMDB / PSL /PSC/ PTC
13.152
11,75 %

SONINHA
PPS - PPS/ PMN
2.003
1,79 %

CARLOS GIANNAZI
PSOL - PCB / PSOL
1.216
1,09 %

PAULINHO DA FORÇA
PDT
1.092
0,98 %

LEVY FIDELIX
PRTB
356
0,32 %

ANA LUIZA
PSTU
192
0,17 %

MIGUEL
PPL
153
0,14 %

EYMAEL
PSDC
101
0,09 %

ANAÍ CAPRONI
PCO
16
0,01 %


Fonte: Site TSE



segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Corre!

O texto a seguir é uma reflexão muito bem elaborada pelo meu amigo Fernando Cardoso*


Crédito da Imagem: blog no gabinete

Ouvindo e lendo sobre Zaqueu, o publicano:“E, correndo adiante, subiu a um sicômoro bravo para o ver; porque havia de passar por ali.” Lc 19:4. Pensei.



Corre, correndo, corrido, correria, corriqueiro, talvez estas sejam palavras mais comuns em nossos dias; é bem verdade, que não é algo só deste século. A vida está um corre-corre. Há quem corre para o trabalho, ou do trabalho. Há quem corre para casa; em casa; pela casa; da casa. Há quem corre na rua. Há quem corre atrás. Atrás de dinheiro; atrás de fama; atrás de outros; para os outros e até dos outros. Há quem corre para frente: da TV para não perder a novela; o filme; a comédia; o noticiário, e coisas semelhantes a estas. Para frente dos problemas; para á frente com os seus propósitos. Há quem corre para as coisas secundárias. Há quem corre para salvar. Há quem corre para pedir perdão, ou corre para não pedir. Há quem corre e chega para falar. Há quem corre e chega, mas prefere ficar quieto. Há quem corre para abraçar. Há quem corre para visitar. Há quem corre por correr. Há quem corre por não querer perder. Há quem corre para ser. Há quem corre para ter. Há quem corre por já ser. Há quem corre rápido. Há quem corre com paciência. Há quem corre pela paz. Há quem corre pela guerra. Há quem corre pela impaciência. Corre. Socorre. Não escore.

Mas é bom saber que quem corre, não ignore. Ignorar o que? Talvez pergunte alguém. Ignorar que não está correndo sozinho. Ignorar, que quem corre, pode ficar para traz, mas não quer dizer que parou de correr. Ignorar, que aquele que corre, corre porque tem objetivos. A maneira como corremos pode nos fazer ser conhecido como: alguém que corre e chega, ou como alguém que corre e não chega. Paro para pensar sem correr: porque alguns não correm mais? Não correm, por que corriam pelos outros. Não correm, por que pararam de correr, sabendo que poderiam ter continuado. Não correm, por que foram duramente bloqueados. Não correm, por que escolheram não correr mais. Não correm, por que se sentaram. Não correm, por que se acomodaram.

Paro de correr com os pensamentos sobre “corre”, para ir ao “x” da questão. Estamos correndo, para Deus? De Deus? Com Deus? Em Deus? Talvez alguém corra, e pergunte: Deus fala com quem está na correria?
Ouça: “Então o SENHOR me respondeu, e disse: Escreve a visão e torna bem legível sobre tábuas, para que a possa ler quem passa correndo. Porque a visão é ainda para o tempo determinado, mas se apressa para o fim, e não enganará; se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará. Eis que a sua alma está orgulhosa, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.” (Hc 2:2-4). Este “outdoor” é irremovível. Deus tem uma obra maravilhosíssima á fazer na sua vida!

Corre pela tua vida. Corre pelos seus. Corre pelas coisas primárias. Corre pelo Primeiro e Último. Corre para a vontade de Deus. Corre para Jesus, Corre á Jesus, Corre com Jesus. Corre, para buscá-lo. Corre, para O ver. Corre, para conhecê-lo. Corre, para se entregar. Corre, para servi-lo. Corre. Zaqueu correu adiante. Corre adiante, para não viver a amargura eterna do “distante”.

*Fernando Cardoso é evangelista na Igreja Assembléia de Deus e estudante de pedagogia. Há vários anos desenvolve trabalhos com adolescentes, além de ser professor nato de Escola Bíblica Dominical.