quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Obadias: o princípio da retribuição (Série Profetas Menores na Escola Dominical)

O livro de Obadias tem características singulares, a começar pelo seu tamanho: é o único livro do Antigo Testamento que tem apenas um capítulo. Além disso, diferente da maioria dos outros profetas menores, o foco de sua mensagem não é pecado de Israel ou de Judá, mas sim da vizinha Edom.
Apesar das poucas informações sobre a vida pessoal e o período em que viveu o profeta Obadias (aliás, Obadias era um nome comum em Israel e Judá. Basta lembrar que no relato sobre o profeta Elias em I Reis 18  há um copeiro de Acabe cujo nome também era Obadias), a maior parte dos comentaristas do Velho Testamento acredita que Obadias profetizou em algum momento após a queda de Judá, quando Jerusalém foi tomada pelos exércitos babilônicos e seu povo levado para o cativeiro. Na ocasião, Edom, nação vizinha de Judá, convicta de sua superioridade e invencibilidade, alegrou-se ao ver a desgraça do povo de Deus.
Os edomitas eram descendentes de Esaú, irmão de Jacó, pai da nação israelita. Assim, Obadias se indigna ao ver o escárnio dos edomitas em relação a um "povo-irmão".
A mensagem do livro é bastante clara: a soberba dos edomitas inevitavelmente os levaria à destruição. Percebemos nesta profecia duas coisas importantíssimas: a preocupação de Deus com as atitudes de uma nação estrangeira, gentílica, aponta para seu propósito redentor em prol de toda a humanidade.  Apesar de ser o Deus de Israel, o Altíssimo está atento ao que acontece em outras nações, pois seu propósito de salvação  envolve todos os povos (na lição da próxima semana, sobre o livro de Jonas, este aspecto será ainda mais destacado).
Um segundo aspecto diz respeito à perniciosidade do orgulho: Edom sentia-se seguro em sua habitação, em montes de região rochosa, local privilegiado para defesa em caso de guerra (vers. 3). No entanto, tais vantagens geográficas não seriam suficientes para preservá-lo do dia da destruição. Tanto isto é verdade, que as montanhas fortificadas de Edom hoje estão praticamente desertas. Isto vale uma reflexão: que valor existe no fato de depositar nossa confiança em nossas próprias forças e menosprezar os que estão em condições desprivilegiadas?
Assim como aconteceu com Judá, Edom arcaria com as consequências de seus atos. No entanto, acredito que o livro de Obadias aponta para uma reflexão, cuja resposta deve ser formulada pelo leitor: nos últimos versículos há uma promessa de que no futuro o povo de Israel restaurado governaria sobre outras nações a partir do Dia do Senhor. A pergunta que fica é: "como Israel deveria retribuir às ofensas de Edom, quando estivesse 'por cima' "?
A resposta que a Bíblia fornece a esta pergunta vai na contramão do senso comum que nos aconselha a celebrar nossa "virada" humilhando quem nos humilhou. Infelizmente, percebo que tal lógica aparece inclusive nas letras de algumas canções evangélicas que se dedicam a nos apontar o caminho para a "exibir nossa vitória" trazendo a tona uma série de sentimentos que beiram aos princípios da vingança. No entanto, o propósito de Deus em exaltar Israel não é para que a nação humilhe seus antigos adversários, mas que exerça misericórdia para com as tais, apontando para o caminho da graça divina. Como já disse, as profecias de Jonas, que estudaremos na próxima semana, também apontam neste sentido.

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