quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Sofonias: o juízo vindouro (Série Profetas Menores na Escola Dominical)

Qual foi a última pregação que você ouviu sobre o livro de Sofonias?

Na aula introdutória que tivemos sobre os Profetas Menores na Escola Dominical, fiz esta pergunta aos meus alunos. Ninguém se lembrou de ter ouvido algo sobre o profeta Sofonias. Confesso que eu também nunca preguei ou me lembro de ter ouvido alguém pregar sobre este "desconhecido profeta".

De fato o livro de Sofonias foge do  habitual, por conta da vivacidade com que as profecias são expressas. As figuras de linguagem usadas no livro não são estão ali para suavizar uma mensagem forte, mas para deixá-la mais forte ainda. O segundo versículo do livro já mostra o tom da mensagem : "Hei de consumir por completo tudo de sobre a terra, diz o SENHOR". Os dois primeiros capítulos e mais da metade do terceiro tratam de destruição e juízo!

Sofonias profetizou em Jerusalém logo após os reinados de Amon e Manassés, que figuram no topo da lista dos piores reis que Judá já teve. Ao que tudo indica, a grande Reforma da época do rei Josias ainda não tinha acontecido. Já faziam 55 anos que não se ouviam vozes de profetas como Naum, Miquéias e Isaias. Além disso, a injustiça social, a idolatria e as diferentes espécies de iniquidades se multiplicavam a um nível assustador!

Atitudes pecaminosas extremas exigiam repreensões extremas e Sofonias cumpriu corajosamente este papel.

O anúncio de Sofonias sobre a destruição de Jerusalém cumpririam-se algumas décadas mais tarde com a invasão dos exércitos babilônicos.

Tão duro juízo justifica-se por pelo menos dois motivos: os oprimidos, aqueles que não tinham ninguém por si e que durante décadas sofreram sem qualquer direito assegurado não podiam continuar vendo o triunfo de seus algozes. Note que nas Escrituras há sempre uma atenção especial de Deus pelo "orfão e pela viúva", ou seja, por aqueles que não têm ninguém que possa reclamar seus direitos. Deus preocupa-se com a situação dos desamparados.

A justiça faz parte do caráter divino. Note, por exemplo, que a graça de Deus revelada em Cristo é a concretização da justiça de Deus em nosso favor a partir do momento que Jesus levou nossa culpa. Ou seja, nossos pecados foram julgados em Cristo.

Em um segundo aspecto sobre a justiça de Deus em Sofonias devemos nos lembrar das inúmeras advertências que outros profetas já haviam apresentado. Devemos nos lembrar também que Judá tinha também o exemplo do Reino do Norte, já levado ao cativeiro pelos Assírios.

Assim, as repreensões de Sofonias devem ser entendidas dentro de um processo mais amplo de correção por parte de Deus. Processo iniciado há séculos, já que no pentateuco já há advertências neste sentido.

Vejo o juízo de Deus em Sofonias como a aplicação de um duro castigo por parte do pai a um filho a quem diversas tentativas de aconselhamento e sanções menores já foram feitas. Na realidade, por difícil que possa parecer, tal castigo origina-se no desejo da proximidade. Tal castigo, por paradoxal que seja, origina-se no amor.

Tal evidência é clara no final do livro de Sofonias, quando se fala do perfeito relacionamento de Deus com o "remanescente fiel", aquele que após passar pelo juízo consegue compreender a intenção maior de Deus e descobre seu caráter justo e amoroso. O contraste é tão grande que, segundo Myer Pearlman, há quem duvide que o mesmo Sofonias que escreveu as catastróficas mensagens dos dois primeiros capítulos tenha terminado o livro de modo tão terno.

No entanto, o contraste tem um objetivo: mostrar que o juízo é fruto do zelo de um Deus amoroso (Sf 3.8), cujo desejo é estar próximo dos seus:


Naquele dia se dirá a Jerusalém: "Não tema, ó Sião; não deixe suas mãos enfraquecerem.
O Senhor, o seu Deus, está em seu meio, poderoso para salvar. Ele se regozijará em você, com o seu amor a renovará, ele se regozijará em você com brados de alegria".
"Eu ajuntarei os que choram pelas festas fixas, os que se afastaram de vocês, para que isso não mais pese como vergonha.
Nessa época agirei contra todos os que oprimiram vocês; salvarei os aleijados e ajuntarei os dispersos. Darei a eles louvor e honra em todas as terras onde foram envergonhados.
Naquele tempo eu ajuntarei vocês; naquele tempo os trarei para casa. Eu lhes darei honra e louvor entre todos os povos da terra, quando eu restaurar a sua sorte diante dos seus próprios olhos", diz o Senhor. 


Na próxima semana saltaremos para o livro de Ageu, que profetizou após o cativeiro babilônico. Entre outras coisas, será possível observar quais marcas o juízo divino  deixou no povo de Deus. 

Abraço a todos e todas! 





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