quinta-feira, 18 de julho de 2013

Jesus, o modelo ideal de humildade (Série Filipenses na Escola Dominical) - Fl 2.5-11

Na época em que eu era aluno do curso de teologia um professor citou uma frase da qual eu nunca mais me esqueci (embora tenha me esquecido do nome de quem a pronunciou originalmente - se algum leitor souber, por favor escreva lá nos comentários, rsrs). A frase é a seguinte: 

"Em Cristo vemos Deus como realmente Deus é e também vemos o homem como o homem realmente deveria ser" 

Esta citação tem uma relação direta com o texto de Fl 2.5-11, em que Paulo utiliza o exemplo da auto-humilhação de Cristo como modelo de conduta para os filipenses.

Nos versículos anteriores (estudados nas duas últimas postagens - aqui e aqui) Paulo fala de suas próprias experiências na prisão e reconhece que seu sofrimento estava servindo de incentivo para que outros pregassem o Evangelho. No entanto, nada se compararia com o exemplo do próprio Cristo! Assim, Paulo escreve uma das mais famosas passagens do Novo Testamento, em que fala do processo espontâneo de humilhação do Filho de Deus.

Antes de falar sobre a passagem, é importante destacar que Paulo a utiliza para criar nos filipenses o senso da humildade. Assim, seu objetivo inicial não era promover uma discussão teológica a respeito da encarnação do filho de Deus (embora o texto naturalmente conduza a isto), mas expor de modo prático a veracidade dos sentimentos e atitudes de Cristo. Assim, volto à citação do início deste texto: Jesus deve ser visto como a expressão exata de Deus, mas também como o modelo ideal de humanidade, já que, estando entre nós em um corpo físico, assumiu todas as prerrogativas humanas, deixando-nos o exemplo de como viver com dignidade em um mundo indigno.

A passagem é fundamental para entendermos (ou pelo menos tentarmos entender) o "mistério da encarnação". Jesus não se "transformou" em homem, já que esta expressão nos levaria a pensar que ele deixou de ser Deus para ser homem. Em nenhum momento Cristo perdeu qualquer dos atributos divinos, embora deles abrisse mão para que pudesse, de fato, assumir a identidade humana em todos os seus aspectos. A passagem diz que Cristo "não teve por usurpação ser igual a Deus" (ARC), "não considerou ser igual a Deus algo a que se devia aferrar" (AR - Imprensa Bíblica), "não considerou que ser igual a Deus era algo a que deveria se apegar" (NVI). Ou seja, ele não "tirou proveito" de sua posição para poder triunfar na terra, embora tivesse sido tentado a fazer isto. O episódio das três tentações de Cristo no deserto apontam para isto. Na ocasião o diabo lhe propôs usar sua condição de Deus para "encurtar o caminho de sua vitória e exaltação", no entanto, Cristo sabia que deveria cruzar este caminho sob a identidade humana e sob a roteiro da humildade. Aceitar a proposta do alheio seria ter usado sua posição de Deus por usurpação, o que comprometeria tanto a sua missão quanto à glória do Pai, bem como a nossa redenção.

Daqui podemos extrair a primeira lição prática: nós nos apegamos ao que temos com muito facilidade, principalmente quando se tratam de títulos honoríficos e posições sociais. Aliás, talvez a maioria de nossas intrigas e discussões seja para que não percamos as coisas que aparentemente nos fazem diferentes dos demais. Jesus, por outro lado, sendo o único que realmente tinha algo diferente de todos os outros homens (não apenas daqueles que viviam em sua época, mas de todos os homens em toda a história da humanidade), não tirou qualquer vantagem de sua posição, mas se igualou àqueles que o cercavam, escolhendo viver de modo humilde.

Seu processo de humilhação não se limitou a viver como um homem comum, mas enfrentar a morte, e pior, a morte de cruz! A crucificação era uma condenação extremamente humilhante. Normalmente quem era crucificado ficava horas e até mesmo dias agonizando em público, sem roupa, enquanto ouvia chacotas  de quem por ali passava. Realmente, era maldito quem era pregado em uma cruz! E Cristo assim o fez, tornando-se maldição por nós.

No texto, Paulo indica que a humilhação de Cristo foi movida pela obediência. Como? Werneer de Boor, explica o versículo 8 da seguinte forma:

Pecado é desobediência! Pecado é a autonomia arrogante que se contrapõe a Deus: quero ter minha própria vida, não quero obedecer, quero seguir minha própria vontade. “Dá-me, Pai, a parte dos bens que me cabe”. Ou, potenciado à máxima insolência: nem mesmo existe um “Pai” que tenha algo a me dar, tudo é simplesmente meu! A primeira desobediência no paraíso desencadeou a avalanche da desobediência, aquela avalanche de desgraças, de trevas e sofrimentos que chamamos de “história universal”. Cada pecado individual volta a ser desobediência, os menores pecados são desobediência, aumentando essa avalanche e sendo arrastados por ela. Deus fala, Deus adverte e suplica. Eu, porém – não quero! Essa é a dor do Filho que ama o Pai: Pai, como te desonram com sua desobediência devota ou insolente, todos eles, todos! Pai, deixa-me restabelecer a tua honra! Quero espontaneamente demonstrar que obedeço a ti como um escravo obedece a seu senhor. Pai, ordena-me o mais terrível. Pai, diante de todos os anjos e diante dele, o autor de toda desobediência contra ti, eu serei obediente! “Humilhou-se, pois, a si mesmo, feito obediência até a morte, porém, à morte da cruz”(*).

Assim, Jesus vai na contramão de toda a arrogância inerente à condição humana, entendendo que o caminho que deveria trilhar era o da obediência e da humildade. Para Paulo esta era a mensagem que deveria ficar impregnada no coração dos filipenses: de nada adiantar ostentar força e poder com o objetivo de sobressair-se, já que o dono de toda a força e poder decidiu percorrer o caminho contrário, humilhando-se a si mesmo.

Paulo conclui a sentença mostrando que Cristo ganhou um nome que é sobre todo o nome. Ou seja, a exaltação final de Cristo colocou-o em um patamar que subsiste às limitações de tempo ou espaço. Por mais que o tempo passe ou as coisas mudem o nome de Jesus continua sendo o centro de todo o Universo. Assim, Paulo quer mostrar que o caminho da humildade e da auto-humilhação, diferente do que se possa pensar a princípio, é o caminho mais glorioso que se pode trilhar!

Na próxima postagem falaremos sobre a aplicação que Paulo faz da passagem que estudamos hoje para a vida cotidiana dos filipenses.

Ate lá e um abraço a todos e todas!

Referências:
(*) BOOR, Werner de. Carta aos efésios, filipenses e colossensesComentário Esperança. Curitiba: Editora Evangélica Espernça, 2006. - p.31

Mais no Blog:
O que dizer diante da cruz
Sobre deuses e redes


Um comentário:

  1. Saudações cristãs!

    Caro mano Maxwell Fajardo, gravo semanalmente vídeos com subsídios para as lições da EBD no meu blog:

    www.natalinodasneves.blogspot.com.br

    no canal do Youtube:

    http://www.youtube.com/channel/UCjxwfyjs_miA1vpqYbhNxwg?feature=watch.

    Favor acessar para conhecer, caso não conheça. Sugiro que divulgue no seu blog. Juntos podemos mais.

    Pelo jeito temos muito em comum. Meus endereços eletrônicos para contato são: natalino6612@gmail.com ou natalino.neves@ig.com.br.

    At,

    Ev. Natalino das Neves

    ResponderExcluir