sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Um libertador para Israel (Série Êxodo na Escola Dominical)


O terceiro capítulo do Êxodo é o capítulo da chamada de Moisés para libertar o povo de Israel da escravidão no Egito.

Antes de chegar a este capítulo já temos algumas informações sobre Moisés que foram apresentadas nos capítulos anteriores: a maravilhosa história da preservação de sua vida quando criança, a surpreendente forma pela qual foi adotado pela filha de faraó, e uma característica que julgo fundamental para compreender sua personalidade, um coração voltado para o povo hebreu, que sabia ser de fato seu verdadeiro povo.

Quando lemos o relato da fuga de Moisés do Egito no final do capítulo 2, somos levados a reprovar por completo sua atitude. De fato, matar um egípcio não era a opção ideal para iniciar o processo de libertação do povo hebreu. Pfeiffer e Harrison comentam que: "Moisés apresentou-se ao seu povo como o seu paladino, mas os israelitas ainda não estavam prontos para a redenção, nem ele mesmo. "Seria por meio do cajado e não da espada – pela brandura e não pela ira de Moisés que Deus realizaria a Sua grande obra de libertação" (JFB). Atos 7:25 expressa este patético pensamento, "Ele cuidava que seus irmãos entenderiam". Assim, para além do erro de Moisés, este episódio mostra que nele existia um senso de justiça que era maior que as glórias de sua posição de filho da filha de faraó. Por isso, o escritor da carta aos hebreus afirma que sua fuga do Egito foi um ato de fé:

Pela fé Moisés, já adulto, recusou ser chamado filho da filha do faraó,
preferindo ser maltratado com o povo de Deus a desfrutar os prazeres do pecado durante algum tempo. Por amor de Cristo, considerou a desonra riqueza maior do que os tesouros do Egito, porque contemplava a sua recompensa. Pela fé saiu do Egito, não temendo a ira do rei, e perseverou, porque via aquele que é invisível. (Hebreus 11.24-27 - NVI)

Temos aqui uma pista para conhecer um pouco mais do coração de Moisés. De acordo com o escritor aos hebreus, sua saída do Egito não foi motivada pelo medo, mas foi uma opção de Moisés de negar-se como participante das injustiças praticadas pelos egípcios contra os hebreus . Neste momento Moisés escolheu renunciar sua posição de membro da "família real" egípcia e tornar-se um fugitivo. Embora sua fuga fosse uma forma de preservar sua vida, parece que em seu mente ainda existia a esperança de que em algum dia a situação de seus irmãos melhoria, e que eles poderiam ver cumpridas as promessas feitas por Deus aos patriarcas, já que Moisés "via aquele que é invisível..." 

Em Ex. 3 passaram-se quarenta anos desde estes episódios todos. Moisés mora em Midiã, está casado, tem dois filhos, e exerce a função de pastor de ovelhas, algo muito distante das expectativas que haviam sido lançadas sobre ele quando ainda vivia no Egito.

Nestas circunstâncias Deus se manifesta a Moisés de forma surpreendente (penso que a revelação de Deus a Moisés na sarça ardente e tudo que o Senhor fala a respeito de si mesmo no decorrer do capítulo 3 é um tema que merecia uma lição específica...) e toca nos assuntos que tanto mexeram com o coração de Moisés décadas antes: o fim da escravidão dos hebreus.

Moisés apresenta um série de justificativas para não voltar ao Egito, dentre as quais a preocupação de que seus irmãos não o receberiam, de que não tinha as habilidades necessárias para falar ao povo, dentre outras... Deus, de modo gracioso responde a cada uma das indagações de Moisés e por fim ele volta ao Egito, agora muito mais maduro e humilde.

Penso que o versículo chave para entendermos o chamado de Moisés é Ex 3.7:  "E disse o Senhor: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa dos seus exatores, porque conheci as suas dores"

Por mais que admiremos a personalidade e o chamado de Moisés, não podemos nos esquecer que a principal preocupação de Deus foi com o povo que estava sofrendo. Este foi o primeiro assunto de Deus com Moisés. Aliás, Moisés só estava sendo chamado por causa da aflição do povo. A salvação do povo, e não a projeção de Moisés, era o principal interesse de Deus, já que por trás da preservação daquele povo estava o propósito maior de salvação da humanidade através do Cristo que nasceria entre os filhos de Israel nos séculos seguintes.

Assim, o chamado de Moisés tem muito a nos ensinar sobre nossa posição no reino de Deus. O Senhor só chama e levanta pastores, professores de EBD, ensinadores, cantores, obreiros... com o objetivo de edificar  alguém. O propósito principal de qualquer chamado é o de alcançar outros e não o de se projetar. Que tenhamos em nossa mente tal propósito.

Abraço a todos e todas.

Referências:
PFEIFFER, Charles F.; HARRISON, Everett F. Comentário Bíblico Moody - Vol 1. Editora Batista Regular. 


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