sábado, 21 de setembro de 2013

A reciprocidade do amor cristão (Série Filipenses na Escola Dominical) - Fl 4.10-13

Neste trecho da carta aos filipenses está o versículo que é sem dúvida o mais conhecido de toda a epístola: "Tudo posso naquele que me fortalece". Na lição desta semana será possível estudar mais a fundo o contexto no qual está inserida esta expressão, repetida constantemente em púlpitos de todo o país.

No último domingo em nossa Escola Dominical, um de nossos professores, Pr. Nelson Rodrigues, fez uma observação bastante significativa a respeito do estudo das cartas de Paulo. Ele disse que ao estudarmos a lição da EBD é necessário entender que o texto bíblico poderá ter quatro interpretações diferentes: a que Paulo tinha em mente quando escrevia, a do comentarista da revista de EBD, a do professor que prepara a aula, e a do aluno que participará da aula. Ou seja, para compreendermos o texto é preciso antes de tudo tentarmos nos colocar no lugar de Paulo e imaginar seu objetivo em escrever a carta, depois tentarmos imaginar a reação dos filipenses ao recebê-la e então pensarmos na forma como temos lido este texto na atualidade.

Pois bem, como já tivemos a oportunidade de estudar, a carta aos filipenses é na realidade um "recibo" que  Paulo está entregando aos filipenses, já que é a resposta do apóstolo ao presente recebido dos irmãos de Filipo por intermédio do irmão Epafrodito (que inclusive quase morreu enfermo durante a viagem). S.E. McNair chama a carta de "o mais belo recibo de toda a literatura". Nela, Paulo agradece aos irmãos pela preocupação que tiveram para com ele e demonstra sua sincera alegria por este ato.

Na realidade, a alegria de Paulo não está no valor monetário em si da oferta recebida, mas no fato de perceber que os filipenses haviam se lembrado e realmente se preocupado com ele, demonstrando assim um dos frutos da atuação da graça divina na comunidade.

Quanto à sua condição, Paulo afirma que já tinha aprendido a adaptar-se a qualquer circunstância, sabendo como agir tanto quando tinha em abundância, quanto nos períodos de escassez. Um detalhe importante nesta declaração é que o sentimento de contentamento pode ser aprendido, ou seja, não é inerente à nossa natureza, mas pode ser desenvolvido a partir das nossas experiências diárias. Neste momento da argumentação de Paulo surge o famoso versículo: "tudo posso naquele que me fortalece"

Muito mais que uma frase triunfalista muitas vezes usada para tentar justificar biblicamente nossos projetos pessoais, a frase "tudo posso naquele me fortalece" aponta para a total dependência divina em qualquer tipo de circunstância da vida.

Enfim, o texto de hoje mostra a relação entre um líder religioso, uma comunidade de fiéis e o dinheiro. No entanto, nesta relação o dinheiro não ocupa a posição principal, pelo contrário, torna-se uma das expressões da confiança e da cuidado mútuo entre o líder e suas ovelhas. Tal relação só é possível de ser alcançada por intermédio da aprendizagem contínua.

Sei que em uma sociedade consumista como a nossa uma das coisas mais difíceis para se aprender é a criação de vínculos como este, onde não há interesses egoístas envolvidos, mas apenas a preocupação com o outro. Mas, penso que se aprendemos a ser consumistas, também podemos aprender a ser altruístas. Sim, podemos! Tudo podemos naquele que nos fortalece!

Abraço a todos e todas

Referências: 
McNAIR, S.E. A Bíblia Explicada. 4ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1997


sábado, 7 de setembro de 2013

Ide por todo o mundo...(em áudio) - Mc.16.9-20

Compartilho hoje mensagem que ministrei no último domingo, dia 1º de Setembro na Igreja Assembleia de Deus de Vila Perus, por conta da manhã Missionária. O texto chave-foi Mc.16.9-20, com destaque para os versículos 15 e 16: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado".



Para ouvir ou baixar a mensagem CLIQUE AQUI

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A alegria do salvo em Cristo (série Filipenses na Escola Dominical) - Fl 4.1-7


"Alegrai-vos sempre no Senhor. Outra vez digo: alegrai-vos" (Fl 4.4)

Para mim é impossível falar deste texto bíblico sem me lembrar do comentário que tantas vezes ouvi do Pr. Israel Januário da Fonseca, da Assembleia de Deus de Perus, que ao falar da alegria cristã costuma dizer de forma bem humorada, como lhe é característico:

"Sabemos que quando Paulo escreveu este versículo ele estava preso. Assim, imagino que quando ele estava escrevendo a expressão 'alegrai-vos sempre no Senhor', um soldado romano que o vigiava tenha lhe dito: 'Paulo, olhe sua situação! Você está preso e corre o risco de ser condenado à morte e ainda diz para que eles se alegrem?' Paulo então olha para o soldado e sem falar nenhuma palavra escreve: 'outra vez digo, alegrai-vos!' 

Não é nosso interesse aqui discutir se foi exatamente desta forma que Paulo escreveu Fl 4.4, mas destacar que esta forma de entender o versículo mostra que a alegria cristã é a melhor forma de reagir às adversidades da vida. Assim, cabe a nós destacar o que é esta alegria, que aliás é um tema presente em todos os capítulos de Filipenses (como já destacamos em outra postagem), que é, sem sombra de dúvida, a carta mais alegre de Paulo.

A alegria cristã não está condicionada a algum momento de satisfação, embora seja possível encontrar tais momentos em meio à adversidade. A primeira palavra que me vem à mente quando penso no conceito de alegria tal qual apresentado por Paulo é "satisfação". Ter a alegria do Senhor significa estar satisfeito com ele. Ou seja, saber que independente do que possamos perder enquanto aqui vivermos, jamais perderemos o mais importante, que é o amor de Deus por nós. Tal convicção nos dará condições de nos alinharmos em meio às desalinhadas circunstâncias da vida. Estar alegre significa não sentir falta daquilo que é mais importante. Significa estar certo de que o amor de Deus é suficientemente grande para suprir nosso coração daquilo que nos falta.

No contexto da carta de filipenses, antes de falar sobre alegria, Paulo procura resolver um problema prático envolvendo duas personagens de destaque na igreja, as irmãs Evódia e Síntique. Ambas estavam em desavença por algum motivo desconhecido. Para procurar resolver o problema o apóstolo não se posiciona a favor ou contra nenhuma delas, mas reconhece o valor que ambas tinham no contexto de proclamação do Evangelho na cidade. Como destaca Werner de Boor, diferente do que  se possa se imaginar, a menção a estas irmãs indica a importância que as mulheres tinham na Igreja Primitiva: "Evódia e Síntique não estavam – como uma interpretação unilateral de 1Co 14.34s e 1Tm 2.11s tenta impor a todas as mulheres no cristianismo – condenadas às panelas, mas tinham serviços importantes a realizar na igreja. Chegaram a estar lado a lado com Paulo 'no evangelho'! Como gostaríamos de saber mais detalhes!"

Nos versículos seguintes Paulo relaciona a alegria cristã a outro tema de central importância na vida cristã: a oração. Mas, falaremos mais sobre estes versículos em nossa próxima postagem.

Abraço a todos e todas!